A
pessoa considera apenas sua própria vida, como viver uma vida calma,
serena, sem perturbação em algum canto; ou está interessada com toda a
existência humana, com toda a humanidade? Se estiver interessada apenas
na sua própria vida particular, conquanto problemática ela seja,
conquanto limitada seja, conquanto sofrida e dolorosa seja, então a
pessoa não percebe que a parte pertence ao todo. A pessoa tem que olhar a
vida, não como a vida americana ou a vida asiática, mas a vida como um
todo; observação holística; uma observação que não é uma observação
particular; que não é a observação de si mesmo, mas a observação que
compreende a totalidade, a visão holística da vida. Cada pessoa tem
estado interessada com seus próprios problemas particulares – problemas
de dinheiro, falta de emprego, buscar a própria realização, eterna busca
de prazer; estar com medo, isolado, sozinho, deprimido, sofrendo e
criar um salvador do lado de fora que transformará ou provocará a
salvação para cada um de nós. Esta tem sido a tradição no mundo
ocidental durante dois mil anos; e no mundo asiático a mesma coisa vem
sendo mantida com diferentes palavras e símbolos, diferentes conclusões;
mas é a mesma busca individual por sua própria salvação, por sua
própria felicidade particular, para resolver seus próprios muito
complexos problemas. Existem especialistas de vários tipos que a pessoa
procura para resolver seus problemas. Eles também não foram bem
sucedidos. Tecnologicamente os cientistas ajudaram a reduzir as doenças,
desenvolver a comunicação; mas eles também estão aumentando o poder das
armas de guerra, o poder de matar um vasto número de pessoas com uma
explosão. Os cientistas não vão salvar a humanidade nem os políticos,
seja no oriente ou no ocidente ou em qualquer parte do mundo. Os
políticos buscam poder, posição, e fazem todo tipo de jogo com o
pensamento humano. É exatamente a mesma coisa no chamado mundo
religioso; a autoridade da hierarquia; a autoridade do Papa, o
arcebispo, o bispo e o pároco local, em nome de alguma imagem que o
pensamento criou. Nós, como seres humanos separados, isolados, não fomos
capazes de resolver nossos problemas embora altamente educados,
espertos, autocentrados, capazes de coisas extraordinárias externamente,
ainda somos internamente mais ou menos o que temos sido durante
milhares de anos. Nós odiamos, competimos, destruímos uns aos outros;
que é o que vem ocorrendo de fato presentemente. Vocês ouviram os
especialistas falando sobre alguma guerra recente; eles não estão
falando sobre seres humanos sendo mortos, mas sobre destruir campos de
aviação, explodir isto ou aquilo. Há esta total confusão no mundo, da
qual se tem a certeza de que todos nós estamos cientes; então o que
faremos? Como um amigo disse ao orador algum tempo atrás “Você não pode
fazer nada; está batendo com a cabeça na parede. As coisas continuarão
assim indefinidamente; lutar, destruir um ao outro, competir e ficar
preso em várias formas de ilusão. Isto continuará. Não gaste sua vida e
tempo”. Ciente da tragédia do mundo, dos eventos terríveis que podem
acontecer se algum louco apertar um botão; o computador assumindo as
capacidades do homem, pensando muito mais rápido e mais acuradamente, o
que vai acontecer com o ser humano? Este é o imenso problema que estamos
enfrentando.
Krishnamurti - The Flame of Attention Chapter 7 1st Public Talk at Ojai
1st May 1982
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